quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Estudos de Geometria Sagrada - Quando a Ciência, a Magia e a Religião eram inseparáveis.

"O Homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são" (Protágoras, 411a.C).

A Geometria está presente em toda a natureza, desde os pequenos átomos e moléculas, reinos animal e vegetal, até as galáxias. A palavra "Geometria", significa "Medição da Terra", onde Geo (Terra) e Metria (Medidas). Na civilização antiga, manipular a Geometria, era a mesma coisa de lidar com Magia! Nesses tempos mais remotos, CIÊNCIA, MAGIA e RELIGIÃO, eram coisas inseparáveis, faziam parte de um conjunto de práticas muito utilizadas pelos sacerdotes e sacerdotisas da época. O sacerdócio nas religiões antigas, concentrava-se em lugares aonde a natureza pudesse ser observada e sentida: altos das montanhas, no interior das cavernas, nas matas, pedreiras, etc. A função desenvolvida neste início de sacerdócio, era apenas interpretativa. 

Os sacerdotes por serem considerados especialistas, reuniam-se nestes locais de santidade natural, e através dos Oráculos, previam acontecimentos, como tempestades, terremotos, ventanias, entre outras manifestações de energia do Universo. Através de uma arte xamânica, criaram alguns símbolos nos seus rituais, representando a sua fé. Com o tempo, passaram a exigir mais do que lugares naturais para praticarem sua fé e adoração, e construíram alguns compartimentos que foram descriminados como locais santos ou seja, longe do mundo profano. Foi neste momento que a Geometria tornou-se inseparavelmente vinculada a atividade religiosa. A harmonia própria à Geometria fora em seguida reconhecida como a demonstração mais convincente de que algo divino foi criado. Este padrão metafísico que determina um padrão na matéria, no físico, uma realidade interior que transcende a forma exterior, continuou sendo ao longo de toda história, a base das Estruturas Sagradas.

Os princípios que envolvem a Geometria Sagrada, são fundamentados na natureza do Universo. Estes princípios aplicados transcenderam gerações e gerações, desde os egípcios, persas, gregos, hebreus, até o que conhecemos da humanidade hoje. Em todas as áreas do conhecimento humano, a Geometria Sagrada está presente. Tudo tem a sua forma e a sua função - espacial, psicológica, e simbólica.


Normalmente o que as pessoas sabem sobre Geometria, é que ela é uma disciplina inclusa dentro da Matemática. Mas, a verdade é que a Geometria é que deu origem a matemática numérica, sendo está última criada pelo homem.

Dentro da Magia Ritual, o uso de geometrias é bem conhecido.tanto para evocar espíritos e poderes, quanto para a proteção do Mago. Cada espírito tem o seu sigilo, sua assinatura, ou um "padrão geométrico" associado ao seu nome, por meio do qual, através de rituais específicos, ele poderá ser contactado.
Todas as formas básicas que compreendem o Universo podem ser reproduzidas através de dois instrumentos básicos muito conhecidos: "a régua" e "o compasso".


O Círculo talvez tenha sido a forma geométrica mais desenhada pelo Homem ao longo dos tempos. Ele representa o todo. Desde a antiguidade, grande parte das construções fossem elas temporárias ou não, tinham como base as estruturas circulares, desde as cabanas primitivas da Era Neolítica, aos povos indígenas americanos. O círculo dava a idéia desta totalidade, da proteção, do horizonte visível, que era fazendo de cada construção, na verdade, um pequeno mundo em si mesmo.

Existe um antigo tratado alquímico, conhecido como "Rosarium Philosoforum" que diz o seguinte:
- "Faz um círculo ao redor do homem e da mulher, e faça fora dele um quadrado, e fora do quadrado um triângulo. Faz um círculo ao redor dele, e terás a Pedra Filosofal".

O Círculo contem aí a imagem do Homem, como no famoso desenho do Homem Vitruviano, o Homem Perfeito, de Leonardo Da Vinci. Com base no círculo pode-se produzir o quadrado, e a partir dele, outras formas geométricas. E a Pedra Filosofal, que é a chave do conhecimento, é produzida da mesma maneira, é representada pelo círculo, figura esta que pode gerar todas as outras formas geométricas. Todas essas figuras eram produzidas utilizando-se apenas a simplicidade de uma régua e de um compasso.

Muitos templos antigos eram construídos em forma de um Quadrado. Acreditava-se que a forma geométrica representava a estabilidade do mundo, o ponto de transição entre o Céu e a Terra. O centro do quadrado era visto como o ponto central da Terra. 


O Quadrado é único, e pode ser dividido por dois, ou múltiplos de dois, ou quatro quadrados chegando-se ao desenho de uma cruz central, aonde está o seu ponto central. Se as extremidades de um quadrado forem orientadas para os quatro pontos cardeias (Norte, Sul, Leste, Oeste), como no caso das Pirâmides do Egito, esses quadro eixos representam os quatro cantos do mundo, e se unem em seu ponto superior, marcando a projeção entre o Sol (Deus -Rá), refletindo no seu centro sobre a terra.
O Hexágono é aquela figura geométrica de seis lados. Os povos na antiguidade ficaram surpresos ao observarem as colmeias de abelhas, e as formas dos favos de mel. Como a natureza podia construir exatamente uma forma tão perfeita? Pappus, o "Alexandrino" (um egípcio helenizado, nascido em Alexandria no Egito em 290 d.C,  fora um dos mais importantes matemáticos), chegou a conclusão de que as abelhas tinham uma espécie de "intuição geométrica", tendo a economia dos espaços como princípio orientador, pois na existência de três formas (figuras) que podem ocupar o espaço que circunda um ponto à saber, o triângulo, o quadrado, e o hexágono, - as abelhas escolheram sabiamente como sua estrutura, que possui mais ângulos, suspeitando mas com a certeza de que ela poderia conter mais mel em seu interior, do que qualquer uma das outras duas figuras geométricas. 

E o Triângulo, quem o descobriu, ou quem o inventou?
Nem uma coisa e nem a outra. O Triângulo foi definido. "Definir" é atribuir um novo nome a algo que preencha certas características. "Descobrir" é achar e "inventar" é criar algo novo. O Triângulo não foi nem descoberto e nem inventado, sua forma já se apresentava na natureza desde que o homem surgiu. Ele apenas atribuiu o nome de triângulo à forma dos objetos que preenchessem a característica de possuir três lados que se fecham. Quem chegou nesta conclusão foi o grego Tales de Mileto, "contratado" pelo faraó egípcio Amasis, que em 550 a.C queria construir uma pirâmide mais alta que a pirâmide de Quéops. Só que era necessário saber quanto é que media a altura da tal pirâmide, tarefa bem difícil, pois além da altura, era um sólido de faces oblíquas. 
Lembrando que os faraós egípcios uniam sempre a sua pessoa, três poderes: rei, sacerdote e deus. Os faraós esforçavam-se anos da sua vida, para construírem túmulos onerosos que lhe assegurassem a sua sobrevivência no pós-vida...
Tales de Mileto, chegando ao Egito, antes do pôr-do-sol, dirigiu-se ao Planalto de Gizé e mediu a sua própria altura, fazendo uma marca na areia, correspondente a sua altura, e aguardou que o sol se pusesse num plano mais perpendicular a um dos lados da base da grande pirâmide de Quéops, cuja sombra gigantesca se projetava no chão. A sombra de Tales de Mileto, muito mais pequenina, projetava-se também. Em seguida, ele ordenou que fizesse uma marca correspondente à sombra da pirâmide, quando a sua própria sombra tivesse o comprimento igual a sua altura marcada no chão. Tomando este comprimento, e tendo em conta que a razão entre a sua própria altura e a altura da sombra, concluiu que a pirâmide era 85 vezes mais alta do que ele. (Teoria da Semelhança de Triângulos).

Por hoje paro por aqui, espero que tenham gostado! Continuarei o texto numa próxima oportunidade!

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